CASTELLS, Manuel. A sociedade em Rede, in: A era da informação: economia, sociedade e cultura. Trad. Roneide Venâncio Majer. At. Jussara Simões- São Paulo.SP: Ed. Paz e Terra,1999. P. 40 à 67.
Educação, comunicação e tecnologia
Prólogo: A rede e o ser
No fim do segundo milênio da Era Cristã, vários acontecimentos de importância histórica transformaram o cenário social da vida humana. Uma revolução tecnológica concentradas nas tecnologias de informação começou a remodelar a base material da sociedade em ritmo acelarado.
Em tod

o mundo a globalização da economia, há um colapso do estatismo soviético, com fim do comunismo, há um reestruturação do capitalismo, as empresas passam a funcionar em redes e as relações de trabalho se diversificam.
Para Castel: “A medida que a sociedade se organiza em rede ela contribui para a construção do ser”.
As mudanças sociais soa tão drásticas quanto os processos de transformação tecnológica e econômica. Apesar de todas as dificuldades do processo de em varias sociedades. Desse modo, os relacionamentos entre os sexos tornaram-se, na maior parte do mundo, um domínio de disputas, em vez de uma esfera de reprodução cultural.
A identidade esta se tornando o principal e, as vezes a única fonte de significado em um período histórico caracterizado pela ampla desestruturação das organizações, deslegitimação das instituições, enfraquecimento de importantes movimentos sociais e expressões culturais efêmeras. Enquanto isso, as redes globais de intercâmbios instrumentais conectam e desconectam indivíduos.
A tecnologia, sociedade e transformação histórica
A revolução tecnológica da informação será meu ponto inicial para analisar a complexidade da nova economia, sociedade e cultura em formação.
A tecnologia não determina a sociedade, nem a sociedade escreve o curso da transformação tecnológica e aplicações sociais, de forma que o “produto” o “resultado” final depende do complexo padrão interativo.
Entretanto, embora não determine a tecnologia, a sociedade pode sufocar seu desenvolvimento principalmente por intermédio do Estado.
Embora não determine a evolução histórica e a transformação social, a tecnologia ou sua falta incorpora a capacidade de transformação das sociedades, bem como os usos que as sociedades, sempre em um processo conflituoso, decidem dar ao seu potencial tecnológico, ou seja embora não determine a tecnologia a sociedade pode sufocar seu desenvolvimento principalmente por intermédio do Estado.
A importância das estratégias estatais pode influenciar no avanço tecnológico, admitindo todo o contexto histórico, exemplo da potência japonesa, que se tornou grande participante internacional nas indústrias de tecnologia de informação.
O processo histórico em que esse desenvolvimento de forças produtivas ocorre assinala as características da tecnologia e seus entrelaçamentos com as relações sociais.
Não é diferente no caso da revolução tecnológica atual. Originando-se e difundido-se em um período histórico de reestruturação global do capitalismo, para o qual é ferramenta básica.
Informacionalismo, industrialismo, capitalismo, estatismo: Modos de desenvolvimentos e modos de produção:
A revolução da tecnologia da informação foi essencial para a implementação de um importante processo de reestruturação do sistema capitalista a partir da década de 1980.
Nesse processo, o desenvolvimento e as manifestações dessa revolução tecnológica foram moldados pelas lógicas e interesses do capitalismo avançado, sem se limitarem às expressões desses interesses. O sistema alternativo de organização social presente em nosso período histórico, o estatismo, também tentou redefinir os meio de consecução de seus objetivos estruturais.
É essencial para o entendimento da dinâmica social, manter a distância analítica e a inter-relação empírica entre os modos de produção (capitalismo e estatismo) e os modos de desenvolvimento (industrialismo, informacionalismo).
Sob o ponto de vista teórico as sociedades estão organizadas em processos estruturados por relações historicamente determinadas de produção, experiência e poder.
A tecnologia é a forma especifica da relação entre a mão-de-obra e a matéria com base em energia, conhecimentos e informação.
O produto do processo produtivo é usado pela sociedade de duas formas:
As estruturas sociais interagem com os processos produtivos determinando as regras para a apropriação, distribuição e uso do excedente. Essas regras constituem modos de produção, e esses modos definem as relações sociais de produção, determinando a existência de classes sociais, constituídas como tais mediante sua prática histórica.
As relações sociais de produção, e modos de produção determinam a apropriação e os usos do excedente.
O nível desse excedente determinando pela produtividade de um processo produtivo específico, ou seja, pelo índice do valor de cada unidade de produção em relação ao valor de cada unidade de insumos. Dessa forma, os modos de desenvolvimento são os procedimentos mediante os quais os trabalhadores atuam sobre a matéria para gerar o produto.
O que é especifico ao modo informacional de desenvolvimento é a ação de conhecimentos sobre os próprios conhecimentos como a principal fonte de produtividade.
Cada modo de desenvolvimento, tem um principio de desempenho estruturalmente determinado que serve de base para a organização dos processos tecnológicos: o industrialismo que é voltado para o crescimento da economia e o informacionalismo visa o desenvolvimento tecnológico, a acumulação de conhecimentos e maiores níveis de complexidade do processo de informação.
O fator histórico mais decisivo para a aceleração, encaminhamento e formação do paradigma da tecnologia da informação e para a indução de suas conseqüentes formas sociais foi e é o processo de reestruturação capitalista, empreendido desde os anos 80, de modo que o novo sistema econômico e tecnológico pode ser adequadamente caracterizado como capitalismo informacional.
Embora a reestruturação do capitalismo e a difusão do informacionalismo fossem processos inseparáveis em escala global, as sociedades agiram, reagiram a esses processos de formas diferentes, conforme a especificidade de sua história, cultura e instituições.
O ser na sociedade informacional
As novas tecnologias da informação estão integrando o mundo, em redes globais de instrumentalidade. A comunicação medida por computadores gera uma gama enorme de comunidades virtuais.
Raymond Barglow aponta: “ O fato paradoxal de que, embora aumentem a capacidade humana de organização e integração, ao mesmo tempo os sistemas de informação e a formação de redes subvertem-se o conceito ocidental tradicional de um sujeito separado, independente: A mudança histórica das tecnologias mecânicas para as tecnologias de informação ajuda a subverter as noções de soberania e auto-suficiência que serviam de âncora ideológica à identidade individual, resumindo a tecnologia esta ajudando a desfazer a visão do mundo por ela provinda do passado".
A identidade vem crescendo a partir de hipóteses: A busca de uma nova identidade partilhada, reconstruída ou também devem ser encontradas num nível mais amplo, relacionados aos macroprocessos de transformação institucional que estão ligados, em grande medida, ao surgimento de um novo sistema global (a globalização).
O surgimento do fundamentalismo religioso também parece estar ligado a uma tendência global como a crise institucional.
“Quando a rede desliga o Ser, o Ser, o individual ou o coletivo, constrói seu significado sem a referência instrumental global: o processo de desconexão torna-se recíproco após a recusa, pelos excluídos, da lógica unilateral de dominação estrutural e exclusão social”. (p. 60)